Eu queria ver a neve
Vestir a serra de branco
Como quando era menina
E a olhava com espanto.
Nesses invernos de rigor
Pés descalços no caminho
Marcavam bem o martírio
De quem era pequenino.
Sem calçado que valesse
Nem dinheiro para o comprar
Era destino sofrer
Sem uma lágrima deitar.
Chegando ao pé do lume
Minha mãe vinha a correr
Aquecer-me bem as mãos
Que o fogo faz doer.
No aconchego da casa
Ao pé da quente lareira
Retemperava então as forças
Para voltar à ladeira.
Recordações não me faltam
Dos duros tempos de outrora
Mas tenho saudades da neve
E suspiro por vê-la agora!
MM
Março 2018
Sem comentários:
Enviar um comentário