Sobram-nos rosas brancas
Vermelhas e de todas as cores.
Cravos, hortências e muitas outras flores,
que enfeitam os caminhos
para não nos sentirmos tão sozinhos.
Sobram-nos portas, janelas,
postigos e cancelas a ranger
que se fecham para sempre,
escondendo histórias e memórias
que o tempo vai esquecer.
Sobra-nos o silêncio pesado dos dias
quebrado pelo toque do sino
que mais uma vez dobra a finados,
e ecoa como grito nas ruas desertas
já sem horas certas.
Sobram-nos cantos vazios e frios
em casa, nas ruas de pedras gastas,
sem viva alma que dê: bom dia!
Deixa alma esfarrapada, sombria
e o coração sem réstia de alegria.
Sobram-nos lágrimas de dor, perda e solidão,
porque se cala para sempre
a voz de um nosso querido ancião.
Mais uma biblioteca que arde…
Sobra-nos a escuridão!
MM
Julho de 2021