No alto de Carvalho, com as nuvens quase poisadas à beira do caminho, há uma vontade latente de caminhar sobre esta brancura que é travada pelo conhecimento da serra e nos levaria a uma queda certa no abismo.
Aqui, neste dia, o céu parece unido à terra e é difícil desprender olhar do horizonte longínquo que se abre em vista esplendorosa de rara beleza para as serras da Gardunha e da Maúnça, num momento único. Não tarda, a paisagem já será diferente.
O vento sopra, e parece trazer nele a voz e sabedoria dos nossos avós - alguns deles no Lar - quando em tempos idos nos recomendavam: -Se vires nevoeiro pousado na serra da Maúnça (amaussa) não vás para o gado sem levar capucha!
Hoje, num tempo em que pastores e rebanhos por aqui escasseiam, sobram memórias e histórias emolduradas por esta paisagem que sendo agreste é também deslumbrante, reconfortante e deixa-nos sempre com vontade de voltar na procura da força necessária para nos reconciliarmos com o mundo.
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